terça-feira, 18 de dezembro de 2007

PCNs, Gêneros e Ensino de Língua:Faces Discursivas da Textualidade

O conceito de linguagem e de ensino privilegiados envolvem indivíduos, história, cultura e sociedade, em uma relação dinâmica entre produção, circulação e recepção de textos, os conceitos de gêneros discursivos e tipologias textuais, feitas as devidas diferenças e observado o diálogo constitutivo que os une, contribuem para um trabalho efetivo com a língua e a literatura, tanto no que diz respeito a suas estabilidades quanto instabilidades, provocadas pelas coerções do uso nas diversas atividades humanas em diferentes momentos históricos.Língua é um sistema de signos específico, histórico e social, que possibilita ao homem significar o mundo e a sociedade.As situações de ensino da língua precisam ser organizadas, basicamente, considerando-se o texto como unidade básica de ensino e a diversidade de textos e gêneros que circulam socialmente, bem como suas características específicas.Produzir linguagem é produzir discursos.Qualquer enunciado fatalmente fará parte de um gênero.Que se pode compreender gêneros discursivos, seu papel em relação às atividades humanas, aos movimentos da linguagem e, consequentemente, seu papel no ensino e no aprendizado de língua, quer na modalidade literária ou não.Não se pode falar em gêneros sem pensar na esfera de atividades em que eles sed constituem e atuam, aí implicadas as condições de produção, de circulação e de recepção.O gênero discursivo diz respeitoàs coerções estabelecidas entre as diferentes atividades humanas e os usos da língua nessas atividades, ou seja as coerções das práticas discursivas.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

A avaliação dos livros didáticos

Seus objetivos básicos são a aquisição e a distribuição, universal e gratuita, de livros didáticos para os alunos das escolas públicas do ensino fundamental Brasileiro.Datam somente do início dos anos de 1990 os primeiros passos dados pelo Mec para participar mais direta e sistematicamente das discussões sobre a qualidade do livro escolar.Em primeiro lugar, em 1993, por meio do Plano Decenal de Educação para todos, assume como diretrizes, ao lado do aprimoramento da distribuição e das características físicas do livro didático adquirido, capacitar adequadamente o professor para avaliar e selecionar o manual a ser utilizado e melhorar a qualidade desse livro, por intermédio da definição de uma nova política do livro no Brasil.
No campo da produção do livro, a divulgação se fez por meio do encaminhamento às editoras de um laudo técnico de cada um dos seus livros excluídos e não –recomendados pelo Programa Nacional do livro Didático.
A partir do PNLD/1999, eliminou-se a categoria dos não-recomendados, e, de modo articulado, acrescentaram-se, aos critérios de exclusão, a incorreção e incoerência metodológicas.Em primeiro lugar, a centralização torna o PNLD, dadas as dimensões do País, assim como dos sistemas públicos de ensino, uma ação dependente de um grande volume de recursos de recursos e organizada em torno de processos de grande complexidade e envergadura.Em razão desses problemas, abrangência do Programa tendeu, desde sua criação, a apresentar limitações, atendendo, em diferentes momentos e de acordo com os recursos disponíveis, a apenas determinada disciplina, séries e redes do sistema público de ensino.
A avaliação pedagógica dos livros ensejou um ampla renovação da produção didática Brasileira, evidenciada tanto pela participação de novas editoras a cada PNLD, com a inscrição de novos títulos, quanto pelo surgimento de uma nova geração de autores, o que revela, em princípio, a preocupação crescente das editoras com a adequação dos livros didáticos.Regularizou-se o fluxo do atendimento e, com o aumento da eficácia dos processos de compra e distribuição alcançada pelo FNDE.
Em síntese, com livros de livros de melhor qualidade nas escolas, o PNLD vem contribuindo para um ensino de melhor qualidade: é uma referência consensual para a produção de livros didáticos e para sua escolha, por professores; vem possibilitando uma reformulação dos padrões do manual escolar brasileiro e criando condições adequadas para a renovação das práticas de ensino nas escolas.Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental observando as determinações da LDB e as Diretrizes Curriculares Nacionais, propõem novos objetivos para o Ensino Fundamental, que devem ser considerados na elaboração do livro didático.
É necessário dispor de um livro didático também diversificado e flexível, sensível à variação das formas de organização escolar e dos projetos pedagógicos, assim como à diversificação das expectativas e interesses sociais e regionais que favoreça a aprendizagem do aluno, no sentido do domínio do conhecimento e no sentido da reflexão na direção do uso dos conhecimentos escolares para ampliar sua compreensão da realidade formulando hipóteses de solução para os problemas atuais. O programa Nacional do Livro Didático PNLD já fez mudanças significativas na avaliação dos livros que foram escolhidos pelos professores e escolas, em 2002.

“Teorias da aprendizagem” Desirrée Motta Roth

Gênero Textual é uma combinação entre elementos lingüísticos de diferentes naturezas-fonológicos, morfológicos, lexicais, semânticos, sintáticos, oracionais, textuais, pragmáticos, discursivos e talvez possamos dizer também, ideológicos que se articulam na “linguagem usada em contextos recorrentes da experiência humana, e que são socialmente compartilhados”.(Motta Roth, 2005, p.181).
Gêneros se constituem como tal em função da institucionalização de usos da linguagem, portanto emergem a partir da recorrência de usos da linguagem, com diversos graus de ritualização, por pessoas que compartilham uma organização social.A linguagem funciona como elemento estruturador dos dois primeiros elementos.Os três se articulam em gêneros, práticas sociais mediadas pela linguagem, compartilhadas e reconhecidas como integrantes de uma dada cultura.Tal conceito de linguagem, que articula a vida social e o sistema da língua, carrega em si pressupostos acerca do ensino de linguagem: ensinar uma língua é ensinar a agir nela.
A escola deve oferecer ao aluno um contexto em que este possa articular conhecimentos e competências por meio de usos da linguagem em situações específicas, para realizar determinadas atividades sociais.
Os PCN’s alertam ainda que “a escola deve incorporar em sua prática os gêneros ficcionais ou não-ficcionais, que circulam socialmente”(p.77) para encorajar “o domínio progressivo das situações de interlocução” (p. 61).
Se a linguagem é um fenômeno social e não-individual, então a aquisição da linguagem é um processo orientado para as condições e as interações sociais (HALLIDAY, 1994, P.xxx).Assim, a criança experimenta a linguagem nos textos produzidos e consumidos à sua volta; ela vivencia a cultura de seu grupo social nas situações que são engendradas no dia-a-dia.
O ensino de produção textual em língua materna, portanto, deve passar por desconstrução e análise do contexto, da situação comunicativa, para que o aluno possa perceber a configuração social de um momento e como a língua como sócio-semiótico constitui esse momento.
A contribuição da noção de gênero textual para o ensino da linguagem, portanto, é chamar a atenção para a importância de se vivenciar na escola atividades sociais, das quais a linguagem é parte essencial; atividades essas às quais, muitas vezes, o aluno não terá acesso a não ser pela escola.O mundo letrado deve ser desmistificado, deve se tornar algo real, palpável.
Ensinar linguagem sob a perspectiva de gênero não é o mesmo que ensinar “tipos de texto”, mas sim, trabalhar “com a compreensão de seu funcionamento na sociedade e na sua relação com os indivíduos situados naquela cultura e suas instituições”, “com as espécies de textos que uma pessoa num determinado papel (na sociedade) tende a produzir (MARCUSCHI, 2005, p.10-12).
Ao aprender os gêneros que estruturam um grupo social com uma dada cultura, o aluno aprende maneiras de participar nas ações de uma comunidade (MILLER, 1984,p.165).
McCarthy & Carter (1994) quando afirmam que ensinar línguas é ensinar alguém a ser um analista do discurso, portanto creio que as discussões em sala devem enfocar as práticas linguageiras nas ações específicas do grupo social relevante.A prática pedagógica nesses termos pode contribuir para o desenvolvimento, no aluno e no professor, da consciência crítica dos aspectos contextuais do uso da linguagem.

Linguagem, leitura, escrita e livro didático

Linguagem é a capacidade comunicativa que têm os seres humanos de usar qualquer sistema de sinais significativos, expressando seus pensamentos, sentimentos e experiências.Produto e produção cultural nascida por força das práticas sociais, a linguagem é humana, e tal como o homem, destaca-se por seu caráter criativo.
Escrever e ler são funções culturais.A intervenção do professor na aprendizagem da leitura e da escrita é de grande importância, dentro de uma proposta de ensino deverá promover letramentos múltiplos que pressupões conceber a leitura e a escrita como ferramentas de inclusão social. O professor deve procurar também resgatar do contexto das comunidades em que a escola está inserida as práticas de linguagem e os respectivos textos que melhor representam sua realidade, possibilitam as crianças refletirem sobre o processo de construção da linguagem escrita.
O livro didático deve ser usado como um complemento para o professor e não como uso diário.O professor deve ter muito cuidado na escolha destes livros, observando as verdadeiras necessidades dos alunos e sendo crítico estando em constante aperfeiçoamento.

O fantástico mundo da linguagem

A linguagem é tão importante que sem ela, não seríamos capazes de pensar, pois todo pensamento estrutura na forma de alguma linguagem, seja ela verbal, visual, gestual.Se é impossível conhecer, como destaca a filosofia da ciência, conhecer a realidade “em si”, mas apenas construir uma imagem dela baseada em nossos sentido e em nosso pensamento, e se pensamento é linguagem, então a linguagem é a base para todo o conhecimento humano sobre a natureza e o próprio homem.
Segundo a teoria da torre de Babel, a capacidade humana para desenvolver uma linguagem é produto da herança genética: todos ao nascer, são capazes de aprender qualquer linguagem.A fala articulada resultaria, portanto, de uma lenta evolução a partir de um código primitivo de grunhidos.A primeira descrição minuciosa e sistemática de um idioma foi realizada por volta do século 6 ªc. por um indiano chamado Panini.Como para filósofos e gregos linguagem e pensamento eram a mesma coisa, compreender o pensamento exigia estudar a linguagem.
A grande síntese do pensamento medieval foi feita no século III por São Tomás de Aquino, que adaptou em suma Teológica, as idéias de Aristóteles aos dogmas da Igreja.Ele de certa forma antecipou a concepção metonímica de signo; “o signo é a parte menor, material visível de uma realidade, imaterial e invisível. A linguagem, portanto, seria um sistema racional de descrição da natureza, e seus signos seriam representações adequadas da realidade”.
Saussure opõe “língua e fala”.A língua seria o conjunto abstrato e socialmente partilhado de signos e de regras combinatórias que permite produzir atos de fala, e a fala seria cada produção concreta feita por quem usa a língua.Isso mostra que cada povo expressa através de sua língua uma visão particular do mundo.Assim, a maneira como cada língua recorta o mundo em conceitos influi no próprio modo de pensar de cada povo.
Chomsky pensou que, se fosse possível descobrir o que há de universal na linguagem humana (aquilo que todas as línguas têm em comum), a estrutura do pensamento humano seria obtida a poderia ser adaptada a qualquer língua.Ele partiu do princípio de que a aptidão lingüística é inata, ,de que as estruturas sintáticas de base são finitas e estão registradas na mente humana desde antes do nascimento.O principal evento do período foi a transformação da semiologia estruturalista na semiótica, que pretende ser, mais que uma ciência dos signos, uma ciência da significação da produção dos signos.
A língua evolui porque funciona e funciona porque evolui, o que vale para qualquer linguagem.A função principal da ciência é levar o homem ao conhecimento, abrir sua visão para as novas realidades e alargar seus horizontes mentais.A língua tem sido sempre a principal marca da identidade de um povo e é o que faz lutar por sua liberdade e auto-afirmação.Por isso entender a comunicação humana e seu instrumento, a linguagem é não apenas interessante, mas, sobretudo imprescindível para viver em harmonia.
Setembro de 2000.Ciência Hoje.45

Autonomia Relativa

Saussure (1997, p.34) afirma: ”língua e escrita são dois sistemas distintos de signos; a única razão de ser do segundo é representar o primeiro”.Em síntese, o pensamento estruturalista, tanto europeu como americano volta a atenção dos estudiosos para a oralidade e para a sincronia.Bakhtin (1977) já alertou para essa confusão entre descrição do teórico-linguista e a percepção efetiva da língua pelos sujeitos que a falam.
Segundo Cavalcanti (1989, p.19-55), os modelos centraram-se nos processos mentais da leitura de forma mais sistemática, ainda no ensino de LE. Assistiu-se a uma reabilitação do texto escrito com a aclosão da abordagem instrumental.A noção de alfabetização, etimológica e ideologicamente vinculada ao alfabeto e, portanto, restritiva ao domínio da letra e da palavra, desvinculadas do plano histórico-social e dos sujeitos que as utilizavam para definir-se uma noção muito mais ampla: letramento (ou literacia para os outros países de língua portuguesa), que conforme Marcuschi (2001, p.25), envolve as mais diversas práticas da escrita (nas suas variadas formas) na sociedade e pode ir desde uma apropriação mínima da escrita até uma apropriação profunda e não se limita, portanto, ao uso formal da escrita.
Para Derrida (1973), a escritura ultrapassa o nível da escrita alfabética e o próprio nível lingüístico: a escritura contém a linguagem.Além disso, escritura abrange “tudo o pode dar lugar a uma inscrição em geral, literal ou não, mesmo que o que ela distribui no espaço não pertença à ordem da voz: cinematografia, sem dúvida, mas também “escritura” pictural, musical, escultural (DERRIDA, 1973, p.11).
Em muitas escolas do Brasil, o ensino da leitura e da escrita de modo geral aproxima-se ainda muito das práticas medievais e de práticas de séculos anteriores regidas pelas escolásticas.Segundo esses princípios e condutas, a compreensão não era indispensável para o conhecimento e, assim, os alunos eram obrigados a memorizar regras de gramáticas que eram escritas no quadro pelo professor.Por essa descrição, pode se ver realmente que as concepções de ensino aprendizagem e de leitura, em muitas instituições, pouco mudaram.
O ensino continua sendo transmissão de conhecimentos; a aprendizagem, o resultado de memorização; a leitura permanece decodificação de formas e sentidos pré-estabelecidos e a produção, apenas a reprodução dessas formas e desses sentidos.
Conforme Cornaire e Raymond (1994), a partir da década de setenta, os estudos cognitivistas questionaram a visão estrutural /behaviorista, considerando que ensinar uma língua é mais do que fazer com que sejam adquiridos automatismos.A aquisição de uma língua passa a ser considerada como um processo no qual a compreensão tem papel central e no qual “o indivíduo tem um papel de primeiro plano em sua aprendizagem”.